terça-feira, 26 de maio de 2009

Pedro


Foto: Pedrinho, minha lôra <3
Esse seu gosto de vodka e cigarro
Esse seu papo, esse seu faro
Pra encontrar alguém que não queira te largar
Apesar de todo o seu pigarro
Quando acaba de fumar
É fácil me conquistar

Conheço todos os seus passos
Reconheço seus traços
E sei todo o espaço
Que você pretende ocupar
Eu sei, você só tem medo de amar
E de mais uma vez quebrar... a sua cara

Só restou na estante
Vestígios dos seus maços
Que foram acabados naquele instante
E do que adianta se preocupar
Se você sabe que um dia tudo vai se acabar

Criei um altar
Pr’eu juntar
O seu all star
Com o meu
- Andei pensando nas estrelas... e em você.
- Hum... eu gosto das estrelas.
- Eu também, elas me lembram seu olhar.
- Elas me lembram meus sonhos.
- Eu tenho tido sonhos estranhos ultimamente. Você aparece em alguns deles, sempre me ignorando. Eles me dão bastante medo.
- Talvez seja algum reflexo ou medo da realidade.
- Talvez.

Pausa.

- Quer um cigarro?
- Sim, obrigado. Tem isqueiro?
- Não, e agora? Vamos acendê-los com pedras?
- Não.
- Espere, achei um.
- Obrigado.
- Por nada.
- Me sinto melhor com cigarros.
- Eu não.
- Pra quê fuma?
- Pra tentar me sentir melhor.
- Já te disseram que você é bem paradoxal?
- Já.

Pausa.

- O céu tá bonito hoje.
- Sim,devem ser as estrelas, que te lembram meu olhar.
- Não, algo diferente.- Talvez a fumaça que sai de você afete seus conceitos.
- Não, ela me ajuda.
- Ajuda?
- Sim.
- Em que?
- A pensar mais em você.
- Isso é bom?
- Não.
- Concordo. Eu não penso mais em você.
- Eu sei.
- É bem estranho isso. Deveríamos nos afastar.
- Sim.
- Me dá um trago?
- Toma.
- Ser humano não é legal.
- Eu sei que não.
- O que voce gostaria de ser?
- Seu coração. E você?
- Uma estrela.

Pausa.

- Por que voce não pensa mais em mim?
- Não sei, apenas não penso. Por que você ainda pensa em mim?
- Não sei, apenas penso.
- Eu queria ser menos egoísta.
- Eu queria ser menos pessimista.

Pausa.

- A vista daqui de cima é bem bonita.
- É.
- É realmente muito bonita. Mas eu combino com a paisagem de lá de baixo.

Pausa.

- Pessimistas deveriam controlar seus impulsos suicidas.

sábado, 23 de maio de 2009

Emaranhado


Enrolada nos seus cachos

nos seus pensamentos meus

me sufocando, me apertando, me alienando

Morrerei no seu pecado

morrerei nos seus braços a esperar

pelo úlmo toque, finalizar

o último dos desejos

de ter seus cabelos enrolados, enrolados em mim

nas suas nuvens, os meus sonhos.


Espero não ser invisível pra você

É só me guiar

em meio a escuridão que vivo

Não me deixe mais cega

Não me deixe afundar

Deixe apenas eu morrer no seu pecado

Ao seu lado

Nos seus braços e embaraços


Dedos entrelaçados

e um pacto futuro

evasão de quimeras

Alma intransigente, intríseca, egocêntrica

que só quer emaranhar-se nos seus cachos

e morrer no seu pecado.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sua boca parecia ter fome da minha, explorava cada espaço, como ninguém. Seu perfume se fixava em mim, enquanto ele descia pelo meu pescoço até bem perto dos meus seios. Sua barba mal feita arranhava meu rosto, e eu gostava.
Seu beijo parecia querer sugar minha alma, tirar um pedaço de mim e guardá-lo pra sempre em algum lugar dentro de si.
Sentia-me um animal selvagem, seguindo o cheiro do macho, pois eu seguia e só sentia o perfume dele. Penetrava em minha pele, nas minhas narinas, nos meus cabeos, nos meus pensamentos.
Sentados, fumávamos alguns cigarros, esperando o tempo passar, ele deitava no meu colo e eume encostava no seu ombro, e dividíamos lágrimas e carinhos, cigarros e beijos.
O tempo era um só, e eu tinha certeza daquilo como 2 +2 = 5, tinha tanta certeza daquilo quanto meu amor por ele, o tempo nos abraçava, querendo ser nosso amigo. Mas uma coisa que não combina é amante e tempo. Eu o negava e ele corria, corria e corria, cada vez mais rápido, tentando me alcançar.
Naquela tarde, as nuvens pareciam pinturas, e o céu me lembrava seu olhar, tão limpo, tão puro, tão azul. Mas eu não me enganava com aqueles olhos azuis. Ele só tinha fome da minha boca.

Confissões de um adolescente

Eu já me sentia um adulto, e eu tinha capacidades de um adulto. Eu sabia me virar sozinho, sabia andar só pela cidade, era capaz de qualquer coisa que um adulto seria capaz. Mas insistiam em me prender, insistiam em me proteger exageradamente, como se eu fosse um impossibilitado de qualquer coisa, como se fosse uma criancinha indefesa.
Mandavam eu calar a boca e respeitar, e ficar em casa sozinho no meu quarto. Depois queixavam-se aos outros que não suportavam a minha "fase", mas que diabo de fase é essa? Eu só queria sair sozinho! Nunca pararam pra me ouvir nem entender o que eu sentia, pra mim, eram todos tão egoístas que não existia preocupação. Não aceitavam minhas músicas, minhas roupas, meus gostos, nem meus amigos.
Sempre pensavam que eu era um adolescente revoltado, mas eu só queria sair sozinho. Reclamavam das minhas atitudes, dos meus gestos, das minhas palavras. Fiquei tão chateado uma época que só fazia estudar, pra ver se elogiavam alguma coisa que eu fizesse. É, isso até que deu certo por um tempo, mas chega uma hora que voce se cansa das coisas que faz de praxe. E eu só queria sair sozinho.
Mais discussões por conta das minhas vontades aconteciam, mais quimeras iam surgindo, mais alucinações, mais lágrimas corriam pela minha face, mais vermelho de raiva meu rosto ficava.
Foi numa noite dessas discussões, que eu fiquei revoltado de verdade. Eles tentavam me proteger do mundo, mas o mundo gritava meu nome cada vez mais alto, cada vez mais irresistível.
Saí de casa no meio da noite, apenas com algum dinheiro no bolso. Corri saltitando por toda a Avenida Paulista, entrei em lojas, fiz um moicano, coloquei piercings e passei a madrugada na rua Augusta.
Eu só queria sair sozinho.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Que coisa mais clichê fumar depois de algumas horas de sexo selvagem. Está o casal na cama, se agarrando loucamente, corpos suados, respiração ofegante, lençóis bagunçados, roupas pelo chão, cheiro de sexo. Acalmam-se e acendem um cigarro, clichê demais!
Enquanto o homem traga o cigarro, com um lençol branco cobrindo um pedaço de sua perna, a mulher deita no seu peito cabeludo (eca! odeio cabelos) e puxa o lençol para se cobrir. Ele deixa a cinza do cigarro cair num cinzeiro, na cabeceira da cama, que está ao lado de um copo de uíque bebido pela metade, aguado, por conta do gelo já derretido.
No ar, cheio de cigarro e sexo, cheiro de madrugada chuvosa e loção barata. Aquele clima de filme pornô já acabado surge, e o homem acaba o cigarro, joga-o no cinzeiro e levanta-se da cama, largando a mulher quase dormindo, com a cabeça no travesseiro. Cata as roupas do chão e toma um banho. Sai do banheiro com uma samba-canção que ganhou de presente de Natal do sobrinho, e com cheiro de sua típica loção barata. Deita ao lado da mulher e dorme.
Quanto clichê...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Olhos desatentos
Procurando a atenção
De alguém que encontra-se
No meio de uma multidão
de ditos seres humanos
Sem alma e sem coração

Olhos desconectados
De um mundo
Repleto de traições
Corpos inóspitos
Mentes direcionadas
A um destino sem razão

Deita os olhos
Sobre um corpo inerte
Sustentando-se de nicotina
Acompanhado de sua solidão
De copos vazios e cinzeiros lotados

Encontra outro olhar
Triste e submetido como o seu
Pessoas girando
Só uma parada
Tudo girando
Escuridão.

Olhares perdidos
Vidas acabadas
Amores desperdiçados.